A fotografia é uma arte universal que fascina e encanta, é a capacidade de eternizar um momento. Em um mundo completamente imagético como é o nosso hoje, a fotografia está presente em todos os momentos. Seja de câmeras comuns, digitais, de celulares, a imagem se tornou um elemento central nesse mundo midiatizado. No dia 19 de agosto se comemora o dia do fotógrafo, uma profissão super reconhecida em todas as partes do mundo. Não basta tirar uma foto. Uma bela imagem requer todo um trabalho, feito por esses profissionais.
Foto de Cláudio Cammarota
As várias faces de Valério Vieira
Imagina um homem com uma criatividade inacreditável, nenhum recurso nas mãos e muitas idéias na cabeça. Imagina um homem, um fotógrafo produzir uma foto em 1904 onde todos os personagens, pianista, violoncelista, garçom, maître e até mesmo as figuras nos retratos das paredes tinham o mesmo rosto, o rosto dele mesmo. Imagina alguém fazendo isso sem os recursos do photoshop? Pois é, esse homem existiu, era brasileiro e se chamava Valério Vieira.
Resolvi falar dele porque gosto de fotografia, adoro histórias inusitadas e constato sempre que o diferencial entre a mesmice e o toque de gênio, é a criatividade. Exemplo? Lembro bem de uma viagem onde todos munidos de câmeras tirávamos fotos, seriam todas iguais, se não fosse por um detalhe, "alguém" antes de clicar resolveu colocar os óculos escuros na frente da lente. A mesma foto, de uma praia saiu completamente diferente, céu, mar, sol adquiriram o tom amarelo dourado cheio de nuances da lente dos óculos. Essa é a diferença, o toque, a criatividade, a poesia que se enxerga. Para fotografar é preciso ver e o sentido disso é lato sensu mesmo.
E como hoje é Dia do Fotógrafo vamos a história desse cara genial.
Em 1901, de maneira totalmente inédita à que habitualmente faziam seus colegas no Brasil, ele começou a trabalhar com fotomontagem. Não se sabe como ele teve essa idéia, se pensarmos na fotografia experimental européia e americana, veremos que ela se desenvolve de forma mais consistente no período entre-guerras e Valério Vieira não tem nada com isso.
Ele antecede esse momento. Ele não está ligado à fotografia composta, nem com a fotomontagem dadaísta desenvolvida a partir de 1916. Trata-se de algo inovador, único para aquele momento. Foi nessa época que surgiu "30 Valérios", a fotomontagem já citada acima.
Sua criatividade sem limites o faria produzir ainda uma série de panoramas que se tornariam sua marca. Certamente, pela ousadia em produzir nas duas primeiras décadas do século XX várias imagens, não só da cidade, mas de cenas rurais, em grandes dimensões.
Além da ousadia técnica de produção, esses panoramas da capital, em especial, o de 1922, produzido para a exposição comemorativa da Independência no Rio de Janeiro, representam um gesto relevante no campo da representação das cidades ao optar pela grande escala deslocando a fotografia para o campo da arte mural.
Vieira nasceu em Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro, em 16 de novembro de 1862, filho de um fazendeiro de café. Em 1875, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde freqüentou a Academia Imperial de Belas-Artes, como aluno ouvinte. Entre 1890 e 1893 morou em Ouro Preto, trabalhando como fotógrafo e pintor. Abolicionista, deu o nome de José do Patrocínio ao seu primeiro filho. Em 1894, mudou-se para São Paulo, mantendo sua residência e seu ateliê na Rua 15 de Novembro.
Foi Valério Vieira quem lançou a moda dos "retratos de formatura", cultivados principalmente pelos bacharéis da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Seu estúdio era freqüentado pelos principais políticos da época. Infelizmente o nosso genial fotógrafo não era muito cuidadoso e não chegou a arquivar, organizar ou mesmo catalogar suas obras, especialmente no que diz respeito às experimentações, ainda assim seu nome ficou e entrou para a história da fotografia brasileira.
Fonte:Literatus
Para o Apaixonado por Fotos e Café
Essa caneca é um trabalho com edição de imagens feito por Tebe Interesno, mas se fosse um produto para produção e venda faria sucesso!
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