Thomas Macaulay, ao discorrer sobre os Cafés Ingleses, disse: "Naquele tempo, o Café londrino bem podia ser considerado uma instituição política... cada Coffee House tinha um ou mais oradores, cujos discursos eram ouvidos com admiração e elas logo se transformavam naquilo que os jornalistas de nosso tempo chamam de o quarto Estado."
No Café e Saúde encontrei estas informações pertinentes ao Cafés Ingleses... O café chegou em Londres na época em que a moda era frequentar as tabernas, onde a embriaguez era uma regra geral. Cervejas escuras, hidromel com álcool, licores, menta, conhaque, vinhos e whisky ajudavam os britânicos a se autodestruírem. A chegada do café na Inglaterra foi providencial, pois ajudou a diminuir o consumo de bebidas alcoólicas e a afastar as pessoas das tabernas, onde deixavam seu dinheiro e sua saúde.
Por ser o café bom e barato, os estabelecimento que o serviam foram inicialmente chamados de "penny universities", porque bastava um penny para tomar uma xícara de café e ficar ali sabendo e aprendendo quase tudo que se quisesse, como posições políticas, gostos literários e mesmo atividades comerciais.
Contudo, para as inglesas do século XVII o café era o licor debilitante que tornava seus maridos infecundos e inúteis. De cochicho em cochicho, a crença descabida de que a bebida trazida do Oriente causava a esterilidade e reduzia o desejo sexual fortaleceu-se entre as mulheres. Em 1674, o preconceito alcançou requintes de exagero no panfleto entitulado "Petição Feminina contra o Café", apresentando à consideração pública as grandes inconveniências ao seu sexo do uso excessivo deste licor sicativo e debilitante. As mulheres argumentavam que os homens consumiam muito café, e como resultado eram "infecundos e inúteis como os habitantes de onde esta planta inútil nasce e é cultivada".
As mulheres sentiam-se realmente infelizes, pois o panfleto continha ainda: "...O palato de nossos cidadãos tornou-se tão fanático como as suas vontades; como pode ser possível que eles possam renunciar do antigo e bom costume de beber cerveja para perseguir este líquido pervertido, jogar fora o tempo disponível, mudar suas lojas, gastar seu dinheiro, tudo para beber um pouco desta água suja, nauseante, desagradável, amarga e escura...".
Os homens costumavam dedicar muitas horas nas inúmeras cafeterias elaborando o texto da "Resposta dos Homens a Petição das Mulheres contra o café", que dizia: "... Porque deve a inocente bebida oriunda do café ser objeto de vosso mau humor? Este licor inócuo e curativo, que a providência divina mandou para nós ... não é esta bebida que diminui nossa atuação no esporte de Vênus, e nós esperamos que vocês aceitem esta exceção...".
E o problema foi resolvido e o preconceito logo desapareceu quando as mulheres passaram a fazer café em casa a partir da manhã, para estimular os maridos a ficarem em casa ou voltarem para casa para tomar um bom café antes de deitar. Assim ficavam excitados e felizes. E suas esposas também.
Embora Carlos II tenha tentado mais tarde suprimir os cafés de Londres como os "lugares onde surgem relatórios com propagação escandalosas da conduta de sua majestade e de seus ministros", pelo público que neles se reunem. Os cafés superaram mais este movimento contra a sua implementação.
Os Cafés eram espaços sociais, abertos a todos independente ao status social, e em consequência associado com a igualdade e o republicanismo. Mais geralmente, as casas de café transformaram-se os lugares de reunião onde o negócio poderia ser continuado, as notícias trocadas e as gazetas lidas.
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