Cooxupé vai investir na instalação de cafeteria na China
Por Raquel Massote, da Agência Estado
Depois de consolidar o primeiro lugar entre as maiores cooperativas de cafeicultores do mundo, a Cooxupé, com sede em Guaxupé, no sul de Minas, para diversificar suas atividades passou a investir no ramo de cafeterias. A primeira unidade na China, foi inaugurada em Xi'an, na província de Shaanxi, em 2005.
A cafeteria, líder mundial no preparo e armazenamento de café, pode ser a primeira de uma série de outras e vir a se transformar em uma rede de franquias no médio prazo. A Cooxupé, juntamente com outros dois sócios - o belga Cpe Group e o chinês Liu Jun - irão investir 300 mil euros na CafeChocolat, que seguirá os moldes das similares européias do segmento. A loja foi planejada para mostrar através de vitrines o trabalhos de mestres chocolatiers na fabricação dos produtos.
Xi'an foi escolhida por ser uma das maiores (são 5 milhões de habitantes) e das mais visitadas cidades do interior da China, onde está localizada uma das mais antigas universidades do país especializada no ensino de mandarim. A localidade atrai um grande número de estudantes universitários, não só chineses como também estrangeiros, que serão justamente o público-alvo da CafeChocolat. Ele avalia que em outras regiões chinesas a divulgação do produto brasileiro seria mais difícil, principalmente junto à população mais conservadora, acostumada ao consumo de chá. "É a cidade ideal para difundir o nosso café", acredita.
Antes da inauguração da loja, instalada em um shopping de Xi'an, a Cooxupé promoveu dez dias de degustação para ver o que mais agradava ao público e assim montar o seu cardápio. Além do café espresso, o público conta com uma variedade de bebidas quentes e quitutes feitos com café e chocolate. "O belga costuma afirmar que o melhor chocolate do mundo é produzido na Bélgica e não na Suíça. E nós acreditamos que o melhor café do mundo é o brasileiro e não o colombiano", diz o superintendente de Mercado Externo da cooperativa, Joaquim Libânio Ferreira Leite.
O planejamento prevê a instalação de outras lojas possivelmente em Pequim e Xangai. Dentro de cinco anos, com a maturação dos empreendimento, os sócios poderão partir para a instalação de máquinas eletrônicas em hotéis, restaurantes e escritórios e até mesmo investir em uma rede de franquias. A idéia, porém, é concentrar o projeto na China. "Não temos interesse de levar a cafeteria para nenhum mercado já maduro", diz.
Para garantir a qualidade e chamar a atenção do público para o produto, a Cooxupé pretende embarcar para a China de 1 a 2 sacos de blends de cafés especiais por semana, produzidos no sul de Minas e cerrado mineiro. O produto será torrado e moído em Xi'an. "Queremos garantir um produto fresco e de qualidade para o público", conclui.
Por enquanto, o grande desafio enfrentado pela Cooxupé tem sido o chá, bebida que faz parte da cultura dos chineses e é tomada em cerimônias religiosas, recepções de amigos ou em pausas durante o trabalho. No país, cada habitante consome em média 500 gramas de chá por ano, aproximadamente 250 xícaras. Já o café está começando a aparecer como bebida dos jovens e de workaholics – apenas 15 gramas são consumidos pelo chinês anualmente, ou pouco mais de duas xícaras.
Para que se tenha idéia da diferença para a cultura do Brasil, de gole em gole um brasileiro toma 750 xícaras por ano. A pouca difusão da bebida na China, no entanto, é encarada como enorme potencial pelos produtores mineiros, já que o país tem 1,3 bilhão de habitantes ainda a serem conquistados. "Queremos vencer a última grande fronteira do café", afirma Libânio.
Em 2007, a cafeteria transferiu-se para o piso térreo do shopping onde está instalada, em Xi’an, para melhor atender os seus consumidores. São clientes que paulatinamente vão se habituando ao sabor do chocolate e da tradicional bebida brasileira, oferecida em várias versões, geladas e quentes, do espresso e frapês às trufas e bolos de chocolate (box à esquerda). Acostumar-se a essas delícias é, ou não é, uma doce tarefa?
A batalha tem sido vencida aos poucos. "Eles pedem para colocar leite ou água no café, e no primeiro momento tomam com uma colher", diz Alexandre Vieira Costa Monteiro, gerente de desenvolvimento de novos produtos da Cooxupé e responsável pela cafeteria chinesa. Para derrubar a diferença, os brasileiros têm feito campanhas de marketing e realizam a torra do grão na própria loja, à vista dos consumidores. Mas o maior aliado, segundo Libânio, é a economia aquecida do país, que deve crescer em torno de 10% em 2009. "Os chineses trabalham muito, vão descobrir que o café é uma bebida boa como estimulante", diz Libânio.
A Cooxupé e os grupos chinês e belga pretendem montar, em breve, um mini museu na própria cafeteria, para contar a história do café e do chocolate de forma resumida. Por certo o depoimento da viagem de Liu Jun ao Brasil fará parte dos registros na “CafeChocolat”, mostrando a ocasião em que o chinês percorreu lavouras mineiras que produzem grãos de qualidade.
No site da Cooxupe encontrei os Dez Mandamentos do Café. Clique aqui para acompanhar o slide.
Café Jackie Chan
Jackie Chan acredita na linguagem universal de café, conhecido por sua filantropia, o objetivo do Café Jackie Chan é beneficiar as organizações para as crianças desfavorecidas que ele apoia com a receita da cadeia de cafés.
O café serve cafés premium, incluindo o Espresso, sucos e chás aromatizados, bem como refeições ligeiras - uma mistura de comida asiática e internacional. A ideia é criar um espaço para reunir amigos e desfrutar de café juntos, tendo simultaneamente o prazer de apreciar a arte, a principal característica do Café. Artistas como: YUSOF Ghani, Eric Quah, Jack Ting, Yusri Sulaiman, Raduan Man e Fauzul Yusri estrearam com uma exposição conjunta no Café.
Os estudantes Shi Jinning, 26 anos, e sua namorada Hu Xiahua, 24, saboreiam dois capuccinos no recém-inaugurado Café Jackie Chan, do ator chinês de filmes de comédia e artes marciais, uma loja ainda cheia de flores de boa sorte no distrito de Haidian, onde está a maioria das universidades de Pequim. Eles vão a cafeterias pelo três vezes por semana e nunca freqüentam casas de chá. Shi tem várias explicações para isso.
“Na China, dá para tomar um bom café gastando até 20 yuans (R$ 5,50), mas não é possível tomar um chá de primeira linha sem que a despesa seja inferior a 100 yuans (R$ 25)”, explica. “Além disso, o café mantém a gente aceso e as lojas são muito simpáticas, com livros, revistas e até filmes na TV”.
Hu diz que, há 30 anos, certamente seria levado para cadeia por gostar de uma bebida tão identificada com o “Ocidente imperialista”.“Eu acho o café uma bebida sofisticada. Eu e minhas amigas adoramos ir para a sala de aula levando um copo de café da Starbucks, como a gente vê nos filmes”, conta.
Café Starbucks
Em 2009, de acordo com o jornal China Daily, pesquisas realizadas no país apontam que o consumo de café aumenta mais de 20% ao ano, ilustrando a aparente ocidentalização do império do chá.
Um dos beneficiários deste grande aumento é a cadeia norte-americana Starbucks, que em apenas dez anos já abriu mais de 300 cafés na China e espera chegar "aos milhares num futuro próximo", publicou o periódico.
A companhia anunciou recentemente que fechará cerca de 600 lojas nos Estados Unidos, consideradas deficitárias. Porém em Pequim e Xangai, as receitas da Starbucks têm aumentado mais de 30% ao ano. O primeiro café da rede em Pequim abriu em 1999 e desde então apareceram mais 68, um dos quais junto à Grande Muralha da China, em Badaling.
Não há estatísticas confiáveis sobre consumo de café na China. A bebida ainda se mantém longe do volume de chá bebido pela população, mas a multiplicação rápida das cafeterias estrangeiras – Starbucks, UBC, SPR Coffee, Rio House Cafe, entre outras –, o aumento da venda de café solúvel nos supermercados (cerca de 45% estão nas mãos da Nestlé) e o crescimento da produção local sugerem uma alta anual acima de dois dígitos.
Illycaffè
Enquanto o Brasil se empenha em vender para a China produtos de maior valor agregado, beneficiando a balança comercial, a China investe pesado na proteção dos empregos locais, insistindo na formação de joint ventures com empresários brasileiros, que teriam a compra de seu produto condicionada ao investimento na criação de indústrias locais. Assim, o café pode até ser de origem brasileira, mas teria de ser produzido com mão-de-obra chinesa.
A italiana Illycaffè e a rede chinesa Café de Coral Group oficializaram a criação de uma joint venture para ampliar as vendas das empresas na Ásia. Neste contexto, as empresas pretendem operar 30 cafeterias Espressamente Illy em Hong Kong e Macau. A primeira unidade será inaugurada no aeroporto de Hong Kong em setembro de 2007.
Além do acordo com o maior grupo chinês de restaurantes de serviços rápidos, a Illycaffè definiu a assinatura de uma parceria com a DaChan Great Wall para a construção de 75 unidades Espressamente Illy na China e em Taiwan. "Nós estamos muito satisfeitos com estas joint-ventures, que nos permitirão cobrir toda a área da Grande China e abrir 105 Espressamente Illy nos próximos cinco anos", diz Andrea Illy, CEO da Illycaffè.
Segundo a Revista Cafeicultura, em 2009 o grão de café da China entra na lista dos fornecedores da Illy, assim a mistura Illy pode ser incrementada com o grão chinês. Depois de um rigoroso processo de seleção, os primeiro lotes foram importados pela marca italiana. Até então, o último país fornecedor a figurar na lista Illy era a Colômbia.
Sérgio Carvalhaes, sócio de um escritório de corretagem de café, explica que a produção chinesa é pouco conhecida, mas ele acredita que a qualidade do grão chinês seja boa, "excepcional até, já que a bebida passou pelo crivo da Illy", imagina.
Produtor insignificante no mercado de café, a China não colhe nem 25 mil toneladas de grãos por ano, ou 416 mil sacas de 60 quilos. Cerca de cinco mil toneladas são da variedade robusta, cultivada na província de Hainan e usada principalmente na fabricação de café instantâneo. O tipo arábica, que compõem 100% o blend Illy é produzido na província de Yunnan, e foi lá que os agrônomos da empresa foram buscar o novo ingrediente da mistura bebida no mundo inteiro.
Além da China, o café Illy é elaborado com grãos de outros 14 países, entre eles os africanos Etiópia e Quênia. Os grãos colombianos foram acrescentados recentemente à mistura para conferir certa acidez ao blend, explica Carvalhaes. "O mercado de cafés gourmet cresceu muito nos últimos anos. No Brasil começou a partir de 2000 e na China o movimento é bem recente e portanto tem um mercado potencial imenso a ser explorado", calcula o corretor.
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