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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Sobre Café e Cigarros

Dia 29 de agosto Dia Nacional do Combate ao Fumo. Em 1986, o governo brasileiro aprovou a Lei Federal número 7488, que estabeleceu o Dia 29 de agosto como o Dia Nacional de Combate ao Fumo. Desde então, entidades governamentais e civis se movimentam cada vez mais, especialmente nesta data, em prol de propagar os males do cigarro e os benefícios para a saúde quando se deixa o fumo.

É fato: o cigarro realmente vicia. O que pouca gente sabe é que além do alcatrão e da nicotina, substâncias que provocam o vício, o cigarro possui mais de 4.700 substâncias tóxicas. Um fumante introduz em seu organismo mais de 4.700 substâncias tóxicas com o consumo do cigarro.

Acreditem, pesquisas nacionais apontam que cerca de 23 milhões de fumantes brasileiros, o equivalente a 19% da população acima dos 15 anos, afirma querer abandonar o vício do fumo. Em contrapartida, para essa intenção virar realidade ainda falta algo mais. É que, nove entre dez brasileiros fumantes que já tentaram, não conseguiram parar de fumar. O médico Dráuzio Varella, por exemplo, deixou registrado em seu livro sobre o presídio do Carandiru, a grande dificuldade dos presos em deixar o fumo de lado. "Eles conseguiam até interromper o uso de maconha e cocaína, mas geralmente não conseguiam deixar de o cigarro", publicou o médico.

Seja como for, em tempo de combate ao tabagismo, lembrei-me deste filme: "Sobre Café e Cigarros" (Coffee and Cigarettes, 2003), de Jim Jarmusch. Um filme sobre cafés e cigarros?

Eu não fumo cigarros, mas gosto muito de café. Os malefícios do fumo não se restringem aos fumantes, mas repercutem de forma importante em quem convive com eles. O fumante passivo atravessa longo período de vida entre fumantes, seja no trabalho ou em outros ambientes. Sou, mesmo contra minha vontade, fumante passiva inconformada. É desconfortante inalar a fumaça e as substâncias tóxicas do cigarro que os outros fumam no ambiente que eu também respiro, ainda não descobri o que fazer pra me ver livre deste problema. Já com o café minha relação é mais próxima. Costumo tomar o meu café puro ou com leite, e às vezes faço um cappuccino. Eu assumo: em casa, no trabalho, nas lanchonetes e afins... gosto de tomar um cafezinho.

A combinação nada saudável é o atrativo dessa comédia dramática apreciada em pequenas doses. O filme "Sobre Café e Cigarros" é composto de 11 curtas que se ligam através de café! O filme conta com um elenco recheado de estrelas como Bill Murray, Cate Blanchett, Iggy Pop, Roberto Benigni, Jack White e Meg White entre outros tantos.



» Direção: Jim Jarmusch
» Roteiro: Jim Jarmusch
» Gênero: Comédia/Drama
» Origem: Estados Unidos
» Duração: 95 minutos
» Tipo: Longa-metragem
» Trailer: clique aqui
» Site: clique aqui

» Sinopse: Em 11 curta-metragens, vários personagens discutem uma diversidade ainda maior de temas, sempre bebendo café e fumando os seus cigarros. O filme reúne histórias curtas que têm em comum o consumo de café e cigarros. Em uma delas, Iggy Pop e Tom Waits se encontram e discutem cirurgias de beira de estrada, os bons pontos de se fumar cigarros, e outros assuntos, enquanto tomam café e fumam, num bar em algum lugar da Califórnia.

Ao beber café e a fumar cigarros, diferentes personagens discutem à volta da mesa os mais variados assuntos, tais como picolés com cafeína, Abbott & Costello, a ressurreição de Elvis Presley, a forma correcta de se preparar um chá tipicamente inglês, as invenções de Nikola Tesla, brigas familiares, a cidade de Paris nos loucos anos 20, rock, hip hop e o uso da nicotina como insecticida para as pragas. São 11 curtas-metragens com personagens que têm em comum o gosto por café e cigarros. A produção foi rodada num período de 17 anos. O primeiro curta, de Roberto Benigni, foi rodado em 1987. Um dos últimos, com Iggy Pop, foi feito em 1992. Rodado em um longo período de 17 anos.

Café e Cigarros parece um passatempo do diretor alemão. São pequenas histórias que brincam com as personas de algumas celebridades, entre elas, Roberto Benigni, Steve Buscemi, Iggy Pop, Tom Waits, Cate Blanchet, Jack White, Meg White e Bill Murray.

O embrião de Café e Cigarros foi um curta-metragem filmado por Jarmusch em 1986, para o Saturday Night Live. Em Strange to Meet You, um Roberto Benigni com cara de psicopata partilha com Steven Wright algumas doses de cafés e cigarros. No curta, um dos melhores do filme, o duo chega a conclusão que tomar café a noite acelera os sonhos. O papo termina de uma forma deliciosamente nonsense. Com esse curta filmado, Jarmusch guardou a idéia durante anos, filmando sempre quando tinha uma oportunidade.
Assim, em 1989, Steve Buscemi encarou os gêmeos Cinqué e Joie Lee (filhos do diretor Spike Lee) num boteco para contar uma incrível história de Elvis Presley (sim, sim, ele está vivo!).

Três anos depois foi a vez de Iggy Pop e Tom Waits se encontrarem em um boteco, ao lado de uma jukebox, e ficarem trocando idéias impagáveis. "Cara, conheci um baterista sensacional. Assim que o vi tocando, pensei: preciso apresenta-lo para o Tom", diz Iggy. "Você está querendo dizer que o som da bateria dos meus discos é uma porcaria? É isso?", responde Tom Waits, sério e impagável.

O sarcasmo flutua no ar junto com a fumaça, que, alias, nem devia marcar presença nesse quadro, já que tanto Tom quanto Iggy haviam abandonado os cigarros por ordem médica. "Mas fumar um cigarro é um exemplo de força", provoca Tom Waits. "Só quem parou de fumar pode acender um cigarro e dizer: estou fumando um cigarro, mas eu já parei. E só para provar que sou forte vou fumar apenas um", conclui o pensamento Tom Waits. Incrédulo, Iggy Pop aceita um cigarro e os dois astros parecem ter orgasmos quando a nicotina invade o corpo. Hilário. O final do esquete é muito engraçado.

É de 1992, também, o mediano quarto episódio do filme, em que Joe Rignano e Vinny Vella passam o tempo discutindo os malefícios do cigarro. Desse ponto em diante, Café e Cigarros sofre uma queda sintomática, principalmente a partir dos episódios filmados em 2003. Entre os mais fracos estão o quinto episódio (com Renée French) e o sétimo (com o duo White Stripes enchendo o saco).

Dos medianos, temos o sexto (com os atores Isaach de Bankolé e Alex Desças), o oitavo (com Cate Blanchet fazendo papel duplo e brincando com a fama) e o último (com William Rice e Taylor Mead transformando café em champagne num trecho bastante poético). Os dois únicos trechos que mantém o pico inicial são o nono (Alfred Molina e Steve Coogan) e o décimo (RZA e GZA, do Wu-Tan Clan, e Bill Murray, absurdamente impagável).

No nono, o americano Alfred Molina recebe o inglês Steve Coogan nos Estados Unidos. Para quem não se lembra, Steve Coogan faz o papel principal do filme 24 Hour Party People, encarnando o produtor Tony Wilson. Na época de seu lançamento, Peter Hook, do New Order, chegou a dizer que o papel da pessoa mais chata de Manchester (Tony) havia ficado com a segunda pessoa mais chata da cidade (Steve).

Em Café e Cigarros, Jarmusch apenas reforça a tese. Molina quer se aproximar de Coogan de qualquer maneira, mas o inglês (que dispensa o café e toma chá) não corresponde a amizade. Em um momento crucial, Molina pede o número do celular de Coogan. "Seria muito horrível da minha parte não te dar o número?", diz Coogan. Até que toca o telefone de Molina. "Oi, Spike, tudo bem?".

A conversa segue, close no rosto de Coogan, maluco de curiosidade e querendo ouvir alguma coisa do papo, sem sucesso. Quando Molina desliga o telefone, Coogan pergunta: "Você estava falando com o Spike Lee?". Molina responde: "Não, não". Então Coogan solta a respiração, completamente aliviado, até que Molina emplaca: "Era o Spike Jonze". Sem palavras...

Não dá para considerar Coffee and Cigarettes um filme. Autor de obras fortes como Estranhos no Paraiso, Down by Law, Mystery Train e Dead Man, Jarmusch apenas exercita sua maneira de ver o mundo em pequenos relatos cheios de cinismo, tédio, banalidade e silêncios. O ponto mais interessante do filme, no entanto, é sua correlação com a realidade. Jarmusch filma as personas de alguns ícones do cinema e da música em um momento de pretensa realidade.

A brincadeira acaba sendo a grande sacada do filme, afinal, será que Iggy Pop é realmente daquele jeito, ou está atuando como Iggy Pop? No entanto, no fiel da balança, por mais que existam pontos em comum entre os esquetes, e as referências tentem aproximar alguns trechos, Coffee and Cigarettes carece de unidade. Os momentos bons são muito bons. Os ruins são muito ruins. E o resultado é mediano. Vale com diversão, mas já é costume esperar um pouco mais do que diversão de diretores como Jim Jarmusch. Coffee and Cigarettes é apenas um filme feito entre cafés e cigarros, um passatempo no intervalo de obras maiores.



A escolha de filmar a preto (café) e branco (cigarros) não parece ter sido por acaso. As mesas sempre com quadriculados (ou em um caso específico, mesa lisa, mas com canecas quadriculadas) nos dão a sensação de estarmos o tempo todo assistindo a um jogo de xadrez verbal. O filme é um emaranhado de crônicas que remetem ao vício ou ao hábito de tomar café acompanhado de cigarros. O charme do filme fica mesmo por conta dos diálogos cômicos e pelos planos poéticos que o diretor constrói, em preto e branco.

Ainda assim, “Sobre Café e Cigarros” vale a pena assistir pela belíssima fotografia em preto e branco, por alguns textos inspirados, e pela abordagem interessante sobre dois vícios unidos e em harmonia. Será que a combinação é mesmo uma boa opção? Você irá descobrir durante a exibição do longa, e mais precisamente no último episódio, segundos antes da subida dos créditos.

Site Oficial do filme Coffee & Cigarettes


» Elenco ::.
- Ator/Atriz Personagem
- Cate Blanchett Cate
- Tom Waits Tom
- Iggy Pop Iggy
- Cinqué Lee Evil Twin
- Joie Lee Good Twin
- Steven Wright Steven
- Bill Murray Bill Murray
- Alfred Molina Alfred
- Steve Coogan Steve
- Steve Buscemi Waiter
- Roberto Benigni Roberto
- William Rice Bill

CultMovie - Sobre Café E Cigarros


O Blog Café com a Beth adverte: Fumar faz mal a Saúde. Tanto a saúde sua quanto a dos outros.

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