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quarta-feira, 31 de julho de 2019

Atomo: Café molecular feito sem grãos



O cientista de alimentos, Jarret Stopforth, criou um novo café feito sem grãos torrados do fruto do cafeeiro. Ele se juntou ao empreendedor Andy Kleitsch para lançar o produto, chamado Atomo

Os dois transformaram uma garagem na cidade de Seattle, nos Estados Unidos, em um laboratório de fermentação. Durante quatro meses, eles analisaram grãos de café verdes e torrados e utilizaram a técnica de cromatografia líquida de alta eficiência para separar os mais de mil compostos do café. A intenção era criar um produto com o mesmo aroma, cor e sabor da típica bebida. 

"À medida que nos aprofundamos no processo, aprendemos mais sobre as ameaças geradas pelo café como um todo, como o desmatamento, aquecimento global e o fungo devastador ferrugem", disse Stopforth. "Estávamos ainda mais empenhados em fazer um ótimo café que também fosse melhor para o meio ambiente." 

Os pesquisadores não revelam exatamente do que o café sem grãos é feito, mas declararam que trata-se de uma mistura de dezenas de compostos encontrados em alimentos, como antioxidantes, flavonóides e ácidos de café. Há, ainda, cafeína. 

Segundo a National Public Radio (NPR), organização de comunicação social dos EUA, outras startups já tentaram fazer café com ingredientes como cogumelos e bolotas (fruto produzido pelo carvalho), mas não conseguiram ganhar mercado. 

Para a criação do Atomo, os dois cientistas precisaram produzir diversas misturas. "Um dos primeiros protótipos que criamos na garagem de Stopforth não tinha nenhum ácido clorogênico, que é o composto que contribui para a amargura do café", lembrou Kleitsch. "Nós demos uma xícara de café para a esposa de Stopforth e ela disse: 'é assim que o café deve ter gosto'. Tinha o sabor e aroma de café sem amargura." 

Um teste de paladar realizado na Universidade de Washington, onde Kleitsch faz parte do programa de empreendedorismo, rendeu boas avaliações. Taylor Moore, estudante de pós-graduação, experimentou a bebida e disse: "gosto do meu café com creme e açúcar, mas eu beberia esse café puro, o que seria novidade para mim".

Uma campanha no site de financiamento coletivo Kickstarter, que arrecadou pouco mais de US$ 25 mil, os ajudou a chamar a atenção de investidores. O Atomo completou sua primeira rodada de financiamento (o valor total não foi divulgado), e a dupla está confiante de que terá seu café sem grãos no mercado em 2020. 

Apesar da bebida ser feita sem grãos do cafeeiro, ainda pode ser chamada de café porque a Food and Drug Administration, agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, não possui um "padrão de identidade" ou definição oficial sobre o que consiste um café. "Nosso café não vem de um grão. Na verdade, ficamos muito orgulhosos em dizer isso, e haverá verdade no rótulo para não enganar o consumidor", comentou Stopforth. "Mas como não há uma definição regulamentar oficial, ainda podemos chamá-lo de café."

FONTE

domingo, 28 de julho de 2019

Produção de cafés especiais no Brasil


Enquanto a maior parte dos produtores brasileiros se preocupa com a queda das cotações internacionais do café, um grupo seleto de cafeicultores não vê os preços em baixa. São os que produzem os cafés especiais, cuja demanda no país não para de crescer. E a produção também. Quase duplicou em três anos, passando de 5,2 milhões de sacas, em 2015, para 9,4 milhões, em 2018.

“Um café acima de 87 pontos, de uma fazenda já reconhecida no mercado internacional, não tem o preço atrelado às cotações internacionais. Esse pessoal não está nem aí para a bolsa”, afirma a diretora-executiva da Associação Brasileira dos Produtores de cafés Especiais (BSCA, sigla do nome em inglês), Vanusia Nogueira.

Os chamados cafés especiais, que oficialmente devem ser classificados acima de 80 pontos, representaram no ano passado mais de 15% da produção total brasileira, que também foi recorde, com 61 milhões de toneladas. “Além de ser o maior produtor mundial de café, o Brasil também é o principal fornecedor de cafés especiais, já ultrapassou a Colômbia”, acrescenta Vanusia.

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o valor médio da saca da variedade arábica ficou em torno de R$ 380 a R$ 390 em maio. Já o valor da saca dos cafés especiais podem passar facilmente de R$ 1 mil.




Demanda nacional em forte expansão

Entretanto, não é um caminho fácil até chegar lá. Além de muitas vezes o produtor ter de renovar a lavoura, para melhorar a qualidade, são necessários cuidados extras com o solo, acompanhamento do processo de colheita, para retirar os grãos maduros no ponto certo, e atenção especial ao processo de secagem. “Para esses cafés, os grãos colhidos hoje não podem secar junto com os da semana passada. Precisa de uma infraestrutura maior, mais investimentos”, explica a diretora da BSCA.

Vanusia explica que, por esses motivos, os produtores que sentem os lucros caírem com o café comum não podem migrar de repente para o café especial e esperar reverter as perdas no curto prazo. Ela ressalta ainda que o mercado premium está cada vez mais exigente, com exigência de pontuação mais alta do que os 80 pontos. “Atualmente, um café de 83 pontos já não é raridade e o mercado remunera pouco a mais”.

No mercado brasileiro, Vanusia ressalta que a demanda pelos cafés especiais cresce em ritmo muito acelerado. Segundo dados da associação, no ano passado, o consumo interno foi de 700 mil sacas. Vanusia diz ainda que a expectativa de chegar a 1 milhão de sacas comercializadas no país, prevista para 2021, já pode ser vislumbrada para este ano.

Já pelo lado da produção, a executiva alerta que em 2019 não é esperado crescimento como o que ocorreu no ano passado por causa do clima. “Ano passado foi extraordinário. Teve um período de chuvas uniforme e seca na colheita, que é no inverno. Esse ano não está assim”, pondera ela, lembrando que o café é uma cultura bianual e que, mesmo assim, o patamar de 9 milhões de sacas pode se repetir em 2019. (SNA)