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quinta-feira, 3 de março de 2011

Vocabulário Para Descrever os Sabores do Café





O site da AMSC Alta Mogiana Specialty Coffees, traz um artigo interessante sobre o vocabulário do café, com o objetivo de ajudar aquele que quer perceber e descrever cada sensação enquanto toma o seu cafezinho.

Vale a pena conferir também Os termos técnicos do café no Mexido de Ideias... que começa assim: "As palavras coroa, cambação, calador, batida e brunimento soam familiar? Assim como qualquer outra profissão, as pessoas que trabalham com café também apresentam seu próprio vocabulário. Eles servem unicamente para facilitar a rotina de profissionais que já estão familiarizados com estes termos, mas podem confundir (e muito!) interessados no mundo cafeeiro. Minha missão aqui é “traduzir” este mundo e mostrar o quão fascinante ele pode ser..."

Vocabulário Para Descrever os Sabores do Café

AROMAS

Animal
Este odor lembra um pouco os dos animais. Não é uma fragrância como o almíscar, mas um cheiro como o de pêlo molhado, suor, couro, peles ou urina. O termo não indica atributos necessariamente negativos, mas, em geral, intensidades muito fortes.

Cinza
Cheiro semelhante aos dos cinzeiros, dos dedos dos fumantes, ou dos que se adquire quando se limpa uma lareira. Não é um atributo negativo. Os provadores costumam usar o termo para indicar o grau de torra do café.

Queimado/Defumado
Este odor e o sabor correspondente são semelhantes aos dos alimentos queimados. O odor lembra o da fumaça de madeira. Os termos são usados com freqüência para indicar o grau de torra que os provadores identificam nos cafés muito torrados ou torrados no forno.

Químico/Medicinal
Lembra o cheiro das substâncias químicas, dos remédios e dos hospitais. Os termos se referem a odores como os dos cafés afetados pelo sabor Rio ou por resíduos químicos, ou dos cafés altamente aromáticos que exalam grandes quantidades de substâncias voláteis.

Chocolate
Evoca o aroma e o sabor do cacau em pó e do chocolate (inclusive do chocolate amargo e do chocolate de leite). É um aroma às vezes descrito como doce.

Caramelo
O termo se refere ao cheiro e sabor obtidos quando se carameliza açúcar, sem queimá-lo. Aconselha-se recomendar aos provadores que não usem o termo para indicar cheiro ou sabor de queimado.

Cereais/Malte/Pão Torrado
Estes termos indicam aromas característicos dos cereais, malte e pão torrado. Incluem aromas e sabores de grãos crus ou torrados (entre os quais do milho, cevada ou trigo torrados) e de extrato de malte, e aromas e sabores como os do pão que se acaba de assar ou torrar. O denominador comum é um cheiro de cereais. Os termos foram reunidos num único grupo porque os provadores os usam de forma intercambiável.

Terra
Odor característico de terra fresca, solo molhado ou humo. Às vezes associado com o cheiro de musgo, evoca também o sabor de batata crua, considerado indesejável no café.

Floral
Semelhante à fragrância das flores. É associado com o aroma delicado de diferentes tipos de flores, entre as quais a madressilva, o jasmim, o dente-de-leão e a flor da urtiga. É detectado principalmente quando se nota um odor intenso de frutas ou ervas, mas sua própria intensidade raramente é forte.

Frutas/Cítrico
Estes aromas recordam os odores e sabores das frutas e são marcadamente semelhantes aos aromas naturais de frutas como amoras e framboesas. Há uma correlação entre o alto grau de acidez que se percebe em alguns cafés e a acidez das frutas cítricas. Aconselha-se recomendar aos provadores que não usem estes termos para descrever aromas como os das frutas verdes ou excessivamente maduras.

Grama/Folhagem/Ervas
Os aromas cobertos por estes três termos lembram gramados recém-cortados e relvados viçosos, ou então ervas, folhagem verde, vagens ou frutas ainda verdes.

Nozes
Este aroma evoca o odor e sabor de nozes, avelãs, amêndoas ou castanhas frescas (ou seja, não-rançosas). É diferente do odor e sabor de amêndoas amargas.

Rançoso/Podre
Os dois termos combinados nesta descrição referem-se a odores que lembram a deterioração e a oxidação de diversos produtos. Ranço é o principal indicador da oxidação de gorduras e diz respeito principalmente a nozes, avelãs, amêndoas e/ou castanhas rançosas. Podridão indica a deterioração de vegetais ou produtos não‑oleaginosos. Aconselha-se recomendar aos provadores que não usem estes termos para descrever cafés que exalam cheiros fortes, mas sem dar sinais de decomposição.

Borracha
Este termo se aplica a odores como os que vêm de pneus aquecidos, elásticos e rolhas de borracha. O atributo descrito não é considerado negativo, mas é intenso e altamente detectável em alguns cafés.

Especiarias
Aroma típico de especiarias como o cravo e a canela. Aconselha-se recomendar aos provadores que não usem o termo para descrever aromas semelhantes aos dos condimentos usados em pratos salgados, como a pimenta, o orégano, o cominho e outros.

Tabaco
Evoca o odor e o sabor do tabaco ou do fumo de corda. O termo, porém, não deve ser utilizado com referência a tabaco queimado.

Vinho
Termo utilizado para descrever a combinação do cheiro, gosto e sensação na boca quando se toma vinho. Trata-se de um atributo freqüentemente associado com acidez ou sabor/odor de frutas. Aconselha-se recomendar aos provadores que não usem o termo quando o sabor é azedo ou de fermentação.

Madeira
Este aroma lembra madeira seca, barris de carvalho, árvores mortas ou papelão.

GOSTOS

Ácido
Um sabor primário, resultante da solução de um ácido orgânico. Sua pungência desejável e agradável é particularmente acentuada em cafés de certas origens e contrasta com o azedume causado por excesso de fermentação.

Amargo
Sabor primário, resultante da solução de cafeína, quinino e certos alcalóides. Este gosto, que até certo ponto se considera desejável, é afetado pelo grau de torra e pelo método de preparo da bebida.

Doce
Sabor primário, característico de soluções de sacarose ou frutose comumente cobertas pelos termos que descrevem aromas do tipo Frutas, Chocolate e Caramelo. Costuma-se usar o termo para descrever cafés sem deterioração de sabor.

Salgado
Sabor primário da solução de cloreto de sódio e outros sais.

Azedo
Sabor excessivamente pungente, acre e desagradável (como o do vinagre ou do ácido acético), às vezes associado com o cheiro do café fermentado. Aconselha-se recomendar aos provadores que não confundam este sabor com o sabor ácido, em geral considerado agravável e desejável no café.

SENSAÇÃO NA BOCA

Corpo
Usa-se este termo com referência às propriedades físicas da bebida quando esta, ao contrário de uma bebida rala, é encorpada, produzindo uma sensação agradável na boca.

Adstringência
Caracteriza-se por certa secura na boca após tomar-se a bebida, que é considerada indesejável no café.


FONTE
LAVAZZA

Profissão de degustador de café


Degustar é o ato de avaliar sabores. Essa profissão exige um paladar apurado e muito estudo para saber apreciar qualidades e procurar defeitos de um produto. No menu dos degustadores brasileiros, os principais itens são o café e o vinho. Que tal experimentar essa área?

Olfato, visão, audição, tato e paladar apurados são sentidos necessários para um bom Classificador e Degustador de Café. Todos complementados com curiosidade, dedicação, persistência, memória e muito estudo para se avaliar com precisão as amostras.

Os sentidos são tão importantes, que é interessante destacar: o número de deficientes visuais tornando-se ótimos degustadores vem aumentando, uma vez que, quando se perde a função de um dos sentidos, no caso, a visão, outros sentidos, como o paladar e o olfato, se desenvolvem com mais intensidade.

Os grãos são avaliados de acordo com o aspecto físico, quantidade de defeitos, homogeneidade de cor e tamanho (tipo) e sabor (bebida) que possuem, seguindo uma metodologia de análise nacional, conhecida como Classificação Oficial Brasileira (COB).

"Classificadores" estão em alta no mercado após decisão do Ministério da Agricultura. Conheça o trabalho do degustador de café, uma profissão que está se valorizando e tem uma demanda aquecida. O Ministério da Agricultura determinou que todas as fábricas e empresas de café contratem "classificadores" em até dois anos.


A profissão de degustador de café está valorizada no mercado depois da decisão do Ministério da Agricultura, que obrigou todas as fábricas e empresas de café a contratar “classificadores” em até dois anos.

O salário do profissional especializado em degustar café pode variar de R$ 3 mil a R$ 5 mil. Já o auxiliar ganha em média R$ 1,5 mil.

Os cursos de degustador de café serão retomados em março nas universidades federais de Lavras e Viçosa, também no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas. Além do Instituto Agronômico do Paraná, Associação Comercial de Santos e nos Sindicados das Indústrias de Café de São Paulo e Minas Gerais.


O Classificador e o Degustador

Profissional que dentro de suas funções técnicas especializadas, são capazes através dos sentidos: audição, visão, tato, olfato e gosto, de determinar a classificação da matéria prima e a qualidade da bebida do café que está sendo colocado no mercado para uso do consumidor brasileiro. É um trabalho de arte que requer muito talento, concentração e decisão no veredicto.

Esse profissional tem que ter um amplo conhecimento em todas as cadeias do agronegócio-café.

Na área de produção ele presta assistência técnica ao cafeicultor com relação a colheita, a secagem, a armazenagem e a qualidade do café, através de laudos com pareceres técnicos, orientando ao produtor como evitar os defeitos de natureza intrínsecas, extrínsecas e sempre buscando a melhoria de qualidade do café.

Na área de comercialização esse profissional é o responsável técnico da empresa de exportação, que procura no mercado interno cafés para atender as exigências do importador com todas as características de qualidade, como seja, espécie, tipo, bebida, cor, aspecto, seca, umidade, percentual de defeitos e de peneiras. Ele forma stock-lot de qualidade, para atender aos padrões exigidos pelo importador. É um trabalho de grande responsabilidade e bem valorizado financeiramente.

Na área de corretagem ele atua na compra do café diretamente com o produtor e na venda com o industrial. Ele tem que ter um amplo conhecimento da cotação do mercado cafeeiro, acompanhando no dia a dia, essas cotações para comprar ou vender na hora certa, sempre buscando a lucratividade na negociação.

Na área de industrialização ele presta assistência técnica, orientando o industrial com relação ao recebimento da matéria prima, estocagem no armazém da indústria, ponto de torra e moagem ideal, empacotamento, confecção de blends do café nos padrões tradicional, superior e gourmet e elaboração de laudos do café comercial torrado e moído, com os respectivos pareceres técnicos.

Esse profissional atua também na indústria de café solúvel confeccionando blends e avaliando a qualidade do produto final e na Bolsa de Mercadorias do Futuro – BMF, conferindo a qualidade dos cafés negociados em contratos.

Na área de preparação de café esse profissional é quem orienta ao Barista ou ao dono de cafeteria sobre a qualidade do blend ideal para ser utilizado na máquina, como também o ponto de torra e moagem adequado para extrair um excelente café expresso.

O classificador e degustador de café atua também como juizes, em concursos de cafés especiais da mais alta qualidade.

Além disso, ele poderá trabalhar como professor dessa especialização, desde que esteja bem capacitado e devidamente registrado e autorizado pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA, para esse fim.

Portanto é bem vasta a área de atuação desse profissional no mercado de trabalho, entretanto, essa profissão ainda não foi regulamentada pelo governo, constando apenas na listagem de Classificação Brasileira de Ocupações – CBO, do Ministério do Trabalho. É por isso que tem muitas pessoas atuando no ramo, sem o devido registro oficial.

A pessoa que deseja ingressar na profissão de Classificador e Degustador de Café, o governo exige que tenha o nível técnico ou superior e se quiser obter registro oficial da profissão, deverá comprovar que é Técnico Agrícola ou Engenheiro Agrônomo e participar do curso técnico especializado, com 360 horas de treinamento, se possível participar de estágio junto a uma empresa de corretagem, exportação ou uma indústria de torrefação e moagem ou de café solúvel, para se tornar bastante capaz para exercer essa profissão.

O mercado é promissor e a pessoa que quiser ingressar nessa profissão, tem que ter aptidão, ser perseverante e muito dedicado ao trabalho.

Por: Alaerte Telles Barbosa
Alaerte Telles Barbosa é classificador e degustador de café, exerce essa profissão à 46 anos, sendo 30 anos dedicados ao Instituto Brasileiro do Café-IBC, 8 anos de trabalho na Abic e 8 anos de trabalho na empresa Grão Mestre Café, como professor do Curso de Classificação e Degustação de Café e Consultor Técnico de Café.




Em Santos, cidade portuária cujo centro comercial é repleto de casas de comércio de café, foi oferecido, já em 1950, o curso Auxiliar de Comércio Cafeeiro, realizado pela então Escola Senac de Santos. Com duração de um ano, os alunos tinham acesso a disciplinas essenciais ao trabalho na área, como estudos aprofundados sobre os grãos, contabilidade e legislação específicas.

Na cidade de São Paulo, o curso começou em 1962 com a denominação original de Classificador e Provador de Café. O curso durava cinco meses e incluía disciplinas como inglês aplicado ao comércio, aulas práticas de classificação, degustação e técnicas de visualização. As salas de aula contavam com seis mesas de classificação, três de provação, balanças de precisão, cuspideiras, torrador, moinho elétrico, fogão, louças e demais itens necessários.

Mais tarde, o mesmo curso entrou para a programação das unidades do Senac nos municípios de Santos, Ribeirão Preto e Marília. Nas décadas de 70 e 80, passou por modificações de estrutura, currículo e nomenclatura, e continuou sendo ministrado pelo Senac até o início dos anos 90.

FONTE