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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O Café, de Humberto Mauro



O CAFÉ - (1958) Filme sobre café realizado pelo pioneiro do cinema no Brasil, Humberto Mauro
Humberto Mauro (Volta Grande, 30 de abril de 1897 — 5 de novembro de 1983) foi um dos pioneiros do cinema brasileiro. Fez filmes entre 1925 e 1974, sempre com temas brasileiros. Filho de Gaetano Mauro, imigrante italiano, e de Teresa Duarte, mineira culta e poliglota, ele nasceu na Zona da Mata mineira dois anos depois da histórica sessão cinematográfica promovida pelos irmãos Lumière, em Paris. Quando criança, mudou-se com a família para Cataguases. Pioneiro do cinema no Brasil, Humberto Mauro é considerado, por muitos, o maior cineasta do país.

Desde os primeiros filmes, na gênese do cinema brasileiro, ele esboçou sua escolha: era o País que queria botar na tela. Por seus mais de 350 filmes e documentários sobre nossa realidade, foi adotado pela geração de cineastas e críticos que brotaram na década de 1960 como o pai do Cinema Novo. Para ele, era apenas um poeta da sétima arte, e completava: "O cinema nada mais é do que cachoeira. Deve ter dinamismo, beleza, continuidade eterna".

Ano: 1958
Companhia Produtora: INCE - Instituto Nacional Cinema Educativo
Direção: Mauro, Humberto
Duração: 30min
Estado: DF
Fotografia: Mauro, José A.
Outros títulos: O CAFÉ - HISTÓRIA E PENETRAÇÃO NO BRASIL;
País: BR
Processo: BP
Sinopse/Enredo:

A trajetória do café no Brasil, o plantio, a colheita, o beneficiamento, o transporte, a distribuição e o consumo. Aspectos da cidade de Ribeirão Preto, pioneira no cultivo da planta, e o Museu do Café Francisco Schmidt com relíquias, miniaturas de veículos de tração animal, bustos e esculturas de personagens ligadas ao universo cafeeiro: negros escravos, imigrantes italianos e alemães, e fazendeiros históricos.

Mapas animados demonstram o percurso do café, da origem africana passando pela Ásia, Europa, América Central e chegando ao Brasil. Queimadas e plantações de café. Na cidade de Resende, herma em homenagem a Luiz Pereira Barreto, introdutor do café bourbon no país. Casarões, fazendas e plantações do Vale do Paraíba. As formas primitivas do beneficiamento do café: pisoteamento de grãos, monjolos hidráulicos e de tração animal, e pilagem manual.

O transporte por muares em percursos longos e acidentados. A locomotiva "Baroneza", pelo Barão de Mauá, a primeira utilizada para o escoamento do café. A cidade de Campinas e as rodovias para o litoral. O porto de Santos e os navios carregados com sacas de café por guindastes e pelo trabalho dos estivadores. Animação demonstra a penetração do café no estado de São Paulo e sua posterior expansão para o sul de Minas Gerais e o norte do Paraná.

Etapas do cultivo do café: o preparo das mudas; os cuidados no plantio e na disposição dos cafezais; o combate às pragas com a pulverização aérea; os eventuais estragos da erosão e da geada; irrigação por aspersão; e a floração dos cafezais. Homens, mulheres e crianças trabalham na colheita. O transporte dos grãos por canaletas até os terreiros onde trabalhadores, com o uso de rodo ou de animais, espalham o produto para uma secagem uniforme.

A colheita do café extrafino: o especial cuidado na escolha do fruto; o maquinário que retira a poupa e peneira o café; a lavagem do produto em tanques; o transporte e o processo de secagem. As máquinas brasileiras de beneficiamento e o trabalhado feminino na escolha do café. A classificação de grãos, espécies e tipos como o moca, moquinha, bourbon, despolpado e o maragogipe. As estações de rebeneficiamento e o ensacamento mecanizado. A fiscalização do Instituto Brasileiro do Café na coleta de amostras e em testes de aroma e degustação.

Mapa demonstra a exportação do café brasileiro para os mercados do mundo inteiro. O trabalho no embarque das sacas nos portos. A torrefação doméstica e industrial e o empacotamento do Café Palheta em pó. Instruções domésticas para a conservação e a receita de preparo do café O movimento de consumo da bebida em balcão de bares. O centro desenvolvido da cidade de São Paulo, reflexo do poder econômico do café.

UM POUCO MAIS SOBRE HUMBERTO MAURO



Desde cedo se dedicou à música, tocando o violino e o bandolim. Interessado também em mecânica, ingressou no curso de engenharia em Belo Horizonte, que abandonou um anos depois para voltar a Cataguases. Como as linhas de transmissão de eletricidade chegavam à região, trabalhou na instalação de energia elétrica nas fazendas.

Foi para o Rio de Janeiro em 1916, onde trabalhou como eletricista. Aos 17 anos, vai estudar Engenharia em Belo Horizonte. Para custear os estudos, arruma emprego. Tarefa ingrata: levantava às três da manhã para colocar o dedo no barbante que amarrava pacotes da Imprensa Oficial. Retornando a Cataguases em 1920. Neste mesmo ano casou com Maria Vilela de Almeida (Dona Bebê), com quem permaneceria casado pelo resto da vida.

Em 1923, passou a se interessar por fotografia. Adquiriu uma câmera Kodak de Pedro Comello (pai da atriz Eva Nill), imigrante italiano a quem convenceu a se instalar em Cataguases como fotógrafo e de quem se tornaria amigo inseparável. Ambos compartilhavam de uma paixão pelo cinema, principalmente pelos filmes americanos de aventura. Admirava D.W. Griffith e King Vidor.

Em 1925, Mauro e Comello compraram uma câmara cinematográfica de 9,5 mm, marca Pathé, com a qual Mauro filmou um curta-metragem cômico de apenas 5 minutos de duração. Mostraram esse filme a comerciantes locais, tentando convencê-los a investir numa companhia produtora de filmes em Cataguases. Com o apoio financeiro de Homero Domingues compraram uma câmara de 35 mm e centenas de metros de filme. Mas o filme que resolveram fazer ficou inacabado.

Ainda em 1925, com a participação do negociante Agenor Cortes de Barros, fundaram em Cataguases a Phebo Sul América.

Em 1926 realizam Na Primavera da Vida e em seguida Thesouro Perdido, um filme nos moldes dos filmes de aventura americanos, com muitas e complicadas cenas de ação. Foi premiado como o melhor filme brasileiro de 1927. Este filme contou com a única participação nas telas da mulher de Mauro, com o nome artístico de Lola Lys.

Com o sucesso de Thesouro Perdido, Mauro pôde ampliar sua produtora, rebatizada de Phebo Brasil, e desenvolver filmes de acordo com sua visão pessoal. Seu trabalho seguinte, Brasa Dormida, é uma bem sucedida mistura de aventura e romance, com excelente aproveitamento dos cenários naturais, em que não falta uma excitante (para os padrões da época) cena erótica. Lançada em 1929, foi distribuída para todo o país.

Seu longa-metragem seguinte, seu último para a Phebo, Sangue Mineiro é considerado sua obra-prima em Cataguases. Lançado em julho de 1929, percorreu todo o país com sucesso de crítica e público. Aqui ele deixa de lado a aventura e faz um filme intimista, em que os únicos conflitos são os do coração.

Mauro manteve estreitas ligações com poetas e escritores modernistas da época, especialmente com os integrante do chamado Movimento Verde. Criado em Cataguases após a Semana de Arte Moderna de 1922, tinha como integrantes Rosário Fusco, Francisco Inácio Peixoto, Ascânio Lopes e Guilhermino César, dentre outros, que eram responsáveis pela edição da Revista Verde, um dos marcos da literatura modernista brasileira.

Com o surgimento da Cinédia, em 1929 ele vai para o Rio de Janeiro e começa a trabalhar com Adhemar Gonzaga, dirigindo as primeiras produções do estúdio, Barro Humano e "Lábios sem beijos", mostrando domínio na técnica do cinema falado.

O sucesso desses filmes tornou a Cinédia o estúdio mais importante da época. Em 1931 foi lançado Mulher, na qual Mauro atuou como câmera, cabendo a direção a Octavio Gabus Mendes. Seu filme seguinte, Ganga Bruta, teve dificuldades na sua realização que se prolongou de 1931 a 1933. Era um filme de estrutura narrativa revolucionária para a época, com flashbacks e cortes rápidos.

Depois de dirigir a Voz do Carnaval (1933), seu primeiro musical, troca a Cinédia pela Brasil Vita Filmes (1934), um estúdio fundado pela atriz Carmen Santos, estrela de vários filmes de Mauro. Na nova casa, fez Favela dos Meus Amores (1935) e Cidade Mulher (1936).

A convite de Edgar Roquette-Pinto, Mauro se junta ao Instituto Nacional do Cinema Educativo, onde por décadas realizou documentários sobre temas tão variados como astronomia, agricultura e música.
Enquanto trabalhou no INCE , Mauro dirigiu apenas três longas metragens: Descobrimento do Brasil (1937), com música de Villa-Lobos, Argila (1940) e Canto da Saudade (1952), onde também trabalha como ator, num papel secundário.

Afastado do cinema desde 1974, quando fez o curta-metragem "Carro de Bois", passou a viver em seu sítio Rancho Alegre, em Volta Grande, onde morreu, aos 86 anos, quase que completamente cego, após uma forte pneumonia.

Humberto Mauro é autor do mais significativo ciclo regional do cinema brasileiro, iniciado em 1926 com "Na Primavera da Vida". Durante seus últimos anos de vida, Mauro foi a inspiração principal da geração do Cinema Novo. Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha eram seus admiradores declarados.

Mesmo sem dirigir, deu colaboração informal a cineastas como o próprio Nelson, para quem escreveu os diálogos em tupi-guarani de Como era gostoso o meu francês, Paulo César Saraceni e Alex Vianny.

Apesar de não ter feito carreira internacional, devido às limitações da época, foi homenageado no Festival de Cannes como um dos cineastas mais importantes do século XX.

Eis o que Ana Paula Galdini pesquisou e disse: Década de 30, cinematografia mais constante. Humberto Mauro destaca-se.

Em 1933, o primeiro filme falado para os estúdios da Cinédia, de Adhemar Gonzaga: A Voz do Carnaval com Carmem Miranda. É considerado um semi-documentário,utiliza cenas reais, gravadas ao vivo e que são mescladas com cenas de estúdio.

Documentou favela em outro semi-documentário, Favela dos Meus Amores. Imagens de um morro carioca, com a participação de uma escola de samba, a Portela
.
Em 1936 a carreira de Humberto se rendeu ao documentário. A pedido do então ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, o professor Edgar Roquete Pinto criou o Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE) e convidou Humberto Mauro. Filmou mais de 300 documentários de curta, entre 1936 e 1964: Dia da Pátria, Lição de Taxidermia, Vacina contra Raiva, A Velha a Fiar e Higiene Doméstica, e, a série As Brasilianas, na qual registrou exibições de músicas folclóricas.

FONTE

http://pt.wikipedia.org/wiki/Humberto_Mauro

http://www.cafefacil.com.br/blog/tag/humberto-mauro/