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sábado, 11 de julho de 2009

As Mil e Uma Lendas do Café

Além do sabor, o que não falta ao café são histórias que explicam o seu descobrimento. Uma ds lendas sobre a origem do café data do século III d.C. começa assim...

O homem, a cabra e o café: três elementos que inseriram no mundo uma bebida exótica, de cor negra, sabor amargo, com um aroma inconfundível e cativante

Diz a lenda que um pastor de cabras, chamado Kaldi, percebeu certa noite que algumas de suas cabras não retornaram ao rebanho. Então, ele ficou muito ansioso e saiu para procurá-las.

Quando as encontrou as cabras estavam mastigando um fruto e saltitando próximo a um arbusto diferente. Kaldi logo percebeu que era o fruto daquele arbusto que dera as cabras aquela estranha energia, pois ele nunca vira as cabras daquele jeito antes.

Kaldi experimentou os frutos e descobriu que ele também ficara animado e cheio de energia, como acontecera com o seu rebanho. Então, ele levou a maravilhosa "dádiva divina" ao mosteiro local. Lá as reações não foram favoráveis a Kaldi e o monge ateou fogo nos frutos, dizendo serem "obra do demônio".

O aroma exalado pelos frutos torrados nas chamas atraiu todos os monges para descobrir o que estava causando aquele maravilhoso perfume e os grãos de café foram rastelados das cinzas e recolhidos.

O abade mudou de idéia, sugeriu que os grãos fossem esmagados na água para ver que tipo de infusão eles davam, e os monges logo descobriram que o preparado os mantinha acordados durante as rezas e períodos de meditação. Notícias dos maravilhosos poderes da bebida espalharam-se de um monastério a outro e, assim, aos poucos espalharam-se por todo mundo.


Quando o simples criador de cabras lá no Oriente observou que um dos seus animais ficara eufórico após comer o fruto do café, não imaginava que a partir dali nasceria uma das bebidas mais consumidas no mundo. Seu alcance foi realmente além da imaginação. Traçou o perfil e a história de muitos países que se desenvolveram à sua sombra, vincando-lhes a sociedade e a cultura. Essa identificação imediata pode ser medida no Brasil, até hoje o maior produtor mundial de café.

No livro História do café, da Editora Contexto, Ana Luiza Martins, faz um traçado do que o café representou e representa econômica, cultural e socialmente – sobretudo no Brasil.

A autora conta como as safras generosas, nascidas dos cafezais brasileiros, sustentaram o Império, fizeram a República e hoje geram divisas significativas para a economia do país. Sua competitividade atinge novos patamares, com excelência de sabor, aroma e corpo – os três itens básicos para a classificação e a apreciação da bebida.

O livro História do café ultrapassa os aspectos agronômicos ou mesmo iconográficos. Transformar o café em bebida deliciosa sempre implicou longo e por vezes penoso processo, até que o produto chegasse ao destino final, para ser apreciado e disputado nas mesas do mundo.

Devida essa vasta abordagem do tema, que se confunde com a própria História do Brasil, a autora colocou quatro partes distintas e primordiais para o entendimento da importância do café. Na primeira, o livro fala das origens na África, seu avanço no Oriente e a chegada no Brasil. Na segunda, volta-se para a sua difusão no Brasil e a sua preponderância na construção do Império. Na terceira, o produto divide a República em dois momentos: antes e depois da crise de 1929. Na quarta parte, Ana Luiza Martins analisa o avanço contemporâneo das plantações de café e as práticas que vêm definindo seu uso, manejo e consumo no novo milênio.

Das floradas brancas dos cafezais, passando pela colheita da cereja vermelha e pelo ensacamento do grão classificado, até se verter o saboroso líquido negro negociado internacionalmente, esse fruto exótico, em sua origem, tem desencadeado intensa mobilização de homens, máquinas, economias, sociedades e políticas, definindo parte dos destinos do mundo. O café abriu estradas rodoviárias e ferroviárias, como uma onda verde invadiu sertões e marcou a Era Vargas em momentos distintos. Nas reuniões diplomáticas, o café era o assunto e a bebida principal.

Desde sua descoberta, a Coffea arabica traçou novas rotas comerciais, aproximou países distantes, criou espaços de sociabilidades até então inexistentes, estimulou movimentos revolucionários, inspirou a literatura e a música, desafiou monopólios consagrados, mobilizou trabalhadores a serviço da Revolução Industrial, tornou-se o elixir do mundo moderno, consolidando as cafeterias como referências internacionais de convívio, debate e lazer.

Um comentário:

  1. Gostei do resumo da historia do café, bebida que adoro. Estou tomando café agora antes de dormir. Muito bom em qualquer hora.

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