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quarta-feira, 20 de abril de 2011

23ª Exposição Anual da Associação de Cafés Especiais da América


Evento mundial de café terá Brasil como tema - A maior feira de cafés do mundo terá o Brasil como tema. A 23ª Exposição Anual da Associação de Cafés Especiais da América (SCAA), que será realizada de 29 de abril a 1º de maio em Houston (EUA), receberá mais de 500 produtores, torrefadores, pesquisadores, exportadores, especialistas e baristas brasileiros.

O público esperado de 10 mil pessoas, incluindo participantes de países consumidores e produtores, terá a oportunidade de conhecer melhor a variedade de aromas e sabores do café brasileiro.

A cada ano, a SCAA dá destaque especial a um país e o Brasil foi escolhido para esta edição da feira. No estande brasileiro será montada uma cafeteria para degustação de cafés especiais das nove regiões produtoras do Brasil. Estarão representados os cafés de origem dos Estados de Minas Gerais, Bahia, São Paulo, Paraná e Espírito Santo.



No evento, o Brasil quer mostrar sua capacidade de oferecer um produto de qualidade, com uma produção de grãos diversificada que respeita o meio ambiente. O país é o maior produtor e exportador do mundo e vem ampliando sua participação no mercado internacional de cafés especiais ou gourmet, com grãos de alta qualidade. Em 2010, o Brasil exportou cerca de um milhão de sacas de 60 kg de cafés especiais, 15% a mais do que o ano anterior.

Paralelamente a feira, nos dias 27 e 28 de abril, acontecem debates durante o simpósio organizado pela Associação de Cafés Especiais da América. Haverá palestras com especialistas brasileiros, como Carlos Brando, da P&A International Marketing; José Francisco Pereira, da Monte Alegre Coffees; e Flávio Borém, professor da Universidade Federal de Lavras. Sustentabilidade, certificação e qualidade são alguns dos assuntos que estarão em discussão.

Também serão realizadas sessões de degustação dos Cafés do Brasil (Cupping Exchange Program) para potenciais clientes, com apresentações técnicas compostas por palestras a serem ministradas pelos profissionais Flávio Borem, Sílvio Leite e Edgard Bressani, seguidas de degustação desses cafés.

A participação brasileira no evento está sendo organizada pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, na sigla em inglês), com apoio Ministério da Agricultura, Apex-Brasil, Sebrae e entidades representativas do setor cafeeiro.
Exportações

Em 2010, as exportações de café renderam ao Brasil US$ 5,7 bilhões, resultado recorde. A cifra representa crescimento de 34,7%, em relação ao registrado em 2009 (US$ 4,3 bilhões). Os principais destinos do produto foram os Estados Unidos, com US$ 10,7 milhões; Itália, com US$ 3,7 milhões; e Argentina, com US$ 1,7 milhão.

Saiba Mais
O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café. O produto é cultivado em 12 estados, o que envolve 287 mil produtores, numa área plantada de 2,2 milhões de hectares. A cadeia produtiva é responsável pela geração de mais de oito milhões de empregos.

O café especial (gourmet) precisa ter duas características básicas: ser limpo e naturalmente doce. A classificação depende do perfil do produtor, dos cuidados com a lavoura e da colheita.

Desde 1988, a Associação Americana de Cafés Especiais (SCAA) promove o maior evento de cafés especiais do mundo. A cada ano, é escolhida uma nova cidade americana. A feira tem a participação de expositores de vários países, além de produtores, exportadores, importadores, varejistas, empresários e baristas.

Roda de Aromas e Sabores - a figura da direita apresenta os principais aromas e sabores encontráveis em um café
Há uma parte expandida, onde podem ser vistas notas aromáticas em detalhe. Existem três grupos principais: os de natureza Enzimática, que são as notas mais voláteis, os oriundos da Caramelização dos Açúcares e os de natureza pirolítica ou resultantes da Destilação Seca, que são os menos voláteis.

Unidirecionais são cafés cujos sabores fazem parte, digamos, de um mesmo agrupamento. Observe que notas aromáticas de Amêndoas, Caramelo e Chocolate estão no grupo denominado Caramelização dos Açúcares, apesar de pertencerem a diferentes sub-grupos. Sutilezas à parte, estes aromas e sabores, caso estiverem presentes num café, conferem a ele características "unidirecionais" porque, afinal, têm muita similaridade entre si.

Quando surgem notas de outros grupos, por exemplo um do sub-grupo Floral do Grupo Enzimáticos como o Jasmim, que é muito semelhante ao aroma da Flor do Café, e até combinado com outro do sub-grupo das Especiarias do Grupo Destilação Seca como o Cravo, um dado café ganha contornos de maior complexidade.

Como já abordado anteriormente, há uma influência direta das condições geográficas e de processo na bebida resultante do café. É justamente a combinação desses diversos elementos que cria uma infinidade de aromas e sabores!

Para ter uma resposta ao que é melhor, se um "Blend" ou se "Origem Única", é necessário ter um outro tipo de visão.

Cada mercado possui características próprias, de forma que o perfil de consumo de país exclusivamente consumidor, como os europeus, é diferente de um país que também é produtor. Geralmente o perfil de consumo de um país produtor de café caracteriza-se pela oferta de cafés de baixa qualidade por dois prosaicos motivos: em geral os países produtores de café são pobres e a facilidade de obtenção de diferentes tipos de matéria-prima pela sua indústria é muito grande. Daí o sentimento comum de que "o melhor café é exportado", ficando o restante para o mercado interno. Neste ponto, o Brasil possui uma posição única: é o maior produtor mundial de café e caminha para em breve ser, também, o maior mercado consumidor.

Por outro lado, o que move a indústria do café é a possibilidade de sempre se oferecer um produto diferente do outro através da combinação dos sabores. Há uma justificativa científica para isso: ao menos 75% da população humana consegue perceber corretamente os diferentes aromas e sabores, com base na média do número de papilas gustativas da língua e dos sensores olfativos que ficam no nariz.

Outro elemento que tem alta relevância é o fato de que é possível se estabelecer a fidelidade do cliente em função da sensação de prazer que um conjunto de aromas e sabores pode proporcionar. Portanto, a estabilidade do produto, ou seja, que o seu aroma e sabor não varie ao longo do tempo, independentemente da entrada de novas safras, é que permite que o vínculo de afeto produto-consumidor aconteça. Uma indústria que possua alta escala e que, por isso mesmo, tem no grande varejo seu principal sistema de escoamento de produto, usualmente opta por estabelecer padrões de matéria-prima que sempre estejam ao seu alcance. No caso das indústrias do exterior, há uma lógica diferente da corrente no Brasil, pois elas têm a oportunidade de escolher cafés de diferentes origens mundiais.

Um bom "Blend" deve começar por um bom Café de Base, ou seja, aquele que será utilizado em maior escala e que, devido à sua estrutura sensorial, permite ressaltar características dos cafés de outras origens. A ele normalmente é combinado uma origem que servirá para ajustar a acidez final da bebida e uma outra que dará, digamos, o toque final de aroma e sabor que distinguirá esse novo "blend" de outros. O café brasileiro, devido à sua característica geral neutra, principalmente no caso de qualidade mediana, com baixa acidez inclusive, é o café mais empregado como essa "base". Lembre-se: grandes carros possuem excelentes chassis, e essa regra se repete na indústria do café. O café da Colômbia ou do Kenya são os mais empregados para o ajuste de acidez. Os cafés da América Central e africanos como os da Ethiopia são cafés para o toque de finalização.

Observe, no caso da grande indústria, as "Origens Únicas" são os países com suas qualidades médias, transmitindo suas principais características aos "blends".

Conforme o mercado se sofistica, incluindo-se aí o refinamento da qualidade dos cafés, isto é, empregando-se cafés de altíssima qualidade, as notas aromáticas e de sabor acabam sendo muito mais pronunciadas na xícara.
Por esta razão, é no segmento dos cafés especiais que as "Origens Únicas" de micro-regiões ou de fazendas ganham grande luz. Estes cafés, em razão de uma rara combinação de fatores, podem ser como pedras preciosas, disputadíssimos porque são raros, muitas vezes únicos. E, portanto, acabam se constituindo em "Série Limitada". Em geral são cafés de grande complexidade em suas notas de sabor e aroma e que, portanto, possibilitam inesquecíveis sensações quando experimentados. Neste caso, a Origem Única "funcionou" muito bem!

No entanto, a indústria de cafés especiais também trabalha com "blends", porém de riquíssima complexidade pois são empregados lotes de excelente qualidade. Mas, da mesma forma, os Mestres de Torra são atentos à possibilidade de um fornecimento constante e consistente, seja na qualidade, seja na quantidade. Existem diversos exemplos de maravilhosos "blends", que cativam pela experiência sensorial que provocam todas as vezes que são saboreados. É interessante observar que em algumas marcas consagradas, há uma expectativa por parte do consumidor de buscar um sabor específico ou um aroma que nos cativou. É quando se diz que o "blend funcionou muito bem."

A possibilidade de se criar composições sempre diferentes é praticamente inesgotável e é este o principal elemento de diferenciação entre as torrefações.

Pelo lado do produtor, o sentimento predominante é o de que o seu café é simplesmente... o melhor que existe. É algo paterno, que faz com que se compreenda a natural resistência em querer que seu café venha fazer parte de um "blend". Lotes de café excepcionais são como filhos brilhantes, que terão sucesso e caminharão sozinhos. Mas, entre tantos outros filhos de outros, também são raridades.

Assim, a compreensão de que cafés de altíssima qualidade podem fazer parte de grandes "blends", gerando a possibilidade de haver continuidade consistente, gera estímulo suficiente para continuar a paixão em produzir também as raridades. Mas deve ficar, por outro lado, o sentimento de que mesmo cafés de boa qualidade também são muito apreciados e procurados pelas torrefações para formar "blends" de uma faixa mais competitiva do mercado.

Portanto, para a indústria, o "Blend" é fundamental, porém existem casos em que a "Origem Única" pode ser uma excelente opção.

E um último recado: vejo muitos produtores que guardam para o seu consumo o que de pior foi produzido, até o chamado resíduo de preparo de café. Deixe um pouco do seu melhor lote para você, torrando-o com esmero e para, naturalmente, orgulhosamente oferecer aos amigos. É um prêmio para si e a demonstração de que um excelente café pode ser apreciado em sua origem...

FONTE

DCI

Cafés do Brasil

Pagina Rural

Revista Cafeicultura

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